sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Para polícia, versão de pai é mais lógica do que a da madrasta de garotos

Pai disse que estrangulou um filho e madrasta deu facada em outro.

Após cinco horas de reconstituição, a Polícia Civil de São Paulo acredita que a versão do pai dos garotos esquartejados em Ribeirão Pires, no ABC, há uma semana, é mais lógica do que o relato apresentado pela madrasta. O pai disse, segundo a polícia, que matou o filho mais novo estrangulado na sala da casa e que, simultaneamente, a madrasta assassinou o mais velho com uma facada no quarto. A mulher relatou, de acordo com a polícia, que seu marido matou os dois garotos por sufocamento na sala, e que ela ajudou a esquartejá-los. Por enquanto, a polícia diz que não será preciso encenar a versão dela.

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Segundo o delegado Adilson de Lima, do departamento de homicídios da Seccional de Santo André - responsável pela área de Ribeirão Pires - a versão do pai é mais coerente por vários indícios. Um deles é o fato de a perícia ter identificado manchas de sangue no quarto, indicando que algo aconteceu neste cômodo, o que contraria a versão da madrasta. Lima diz que pode haver acareação entre os dois suspeitos para se tentar chegar a uma versão final. O delegado afirmou ainda que o crime pode ter sido premeditado, pois os primeiros dados indicam que os assassinatos foram simultâneos. "Se ela não tivesse participado do crime, vendo o marido cometendo aquilo ela teria tomado alguma providência, teria chamado a polícia, feito alguma coisa", afirmou Lima. A reconstituição do crime começou por volta das 9h10 desta sexta-feira (12) e só acabou às 14h20. Como a madrasta se recusou a colaborar com a reconstituição, a polícia decidiu não fazer reprodução simulada do crime segundo a versão dela. "A versão do pai é coerente e dá bastante subsídio para o inquérito policial", diz o delegado.

Pessoas gritam 'assassino' e 'justiça' na saída do preso (Foto: Luísa Brito/G1)
De acordo com a versão do pai, após a morte dos garotos, os corpos foram levados para a cozinha e em seguida para o corredor, onde foram envolvidos em um lençol. Em seguida, o pai disse que jogou um líquido que pode ser querosene e ateou fogo. Segundo relato do suspeito, os corpos ficaram queimando durante 1h30. "Ele pensou que virariam cinzas, mas não virou e a substância [que pode ser querosene] acabou. Então eles decidiram esquartejar", contou o delegado. Segundo Lima, os dois repartiram os corpos em pedaços usando uma faca de cozinha e uma foice e, em seguida, colocaram as partes em cinco sacos de lixo. O pai contou que foi tomar banho para poder seguir para o trabalho e a madrasta ficou responsável por distribuir os sacos de lixo pela rua. O delegado disse que o pai manteve a calma durante a encenação e em alguns momentos se emocionou um pouco. O G1 tentou entrar em contato com o advogado da madrasta, mas ele não atendeu o telefone durante toda a tarde. O pai das crianças não tem advogado constituído, mas sua família confirmou que ele confessou o crime.

Vísceras

Nesta manhã, os peritos localizaram vísceras das crianças na fossa que fica atrás da casa. Um forte odor de material podre fez com que a polícia chegasse ao local. O perito acredita que as vísceras foram jogadas no vaso sanitário, pois não há sinais de que a tampa da fossa tenha sido removida.

Peritos examinam fossa para tentar encontrar vísceras de crianças (Foto: Luísa Brito/G1)
Segundo ele, o pai das crianças não relatou em depoimento ter jogado as vísceras das crianças na rede de esgoto e surpreendeu com a descoberta. De acordo com Gonçalves, o suspeito relatou o crime com detalhes e disse que os assassinatos ocorreram simultaneamente.

A polícia afirma que, o afirmou em depoimento que a madrasta matou o menino mais velho no quarto e ele estrangulou o mais novo na sala. Ao longo da reconstituição, o preso não chorou. Apenas a irmã dele ficou bastante emocionada. A perícia ainda não concluiu a causa da morte das crianças. A única certeza é que, depois de mortas, elas foram queimadas e, em seguida, esquartejadas. Segundo Gonçalves, isso será feito com base na reconstituição e nos exames das partes dos corpos encontradas. "Vamos fazer um laudo policial conclusivo e irrefutável na esfera judicial."

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL758084-5605,00-PARA+POLICIA+VERSAO+DE+PAI+E+MAIS+LOGICA+DO+QUE+A+DA+MADRASTA+DE+GAROTOS.html

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