quinta-feira, 4 de setembro de 2008

DECEPCIONADOS COM IGREJA - PARTE 02

Experimentamos um crescimento numérico nas igrejas brasileiras. Há uma efervescência religiosa em nosso país. As periferias das grandes cidades estão apinhadas de templos evangélicos, todos repletos. Grandes denominações compram estações de rádio e televisão. Cantores evangélicos gravam e vendem muitos CD’s e DVD’s. Publicam-se revistas e livros. Comercializam-se bugigangas religiosas nas várias livrarias, que também se multiplicam, interligadas pelo sistema de franquias. Por outro lado, diferentemente do que aconteceu na Inglaterra, nos dias de Wesley, o despertamento religioso brasileiro tem uma consistência doutrinária rala, demonstra pouca preocupação ética e um mínimo de impacto social. Os desdobramentos destas constatações, são preocupantes. Visitar qualquer igreja evangélica no Brasil é oportunidade para perceber uma forte tendência teológica e litúrgica na busca de uma divindade que se molde aos contornos teológicos dessa igreja e que ofereça apoio aos anseios e caprichos pessoais. Faltam temor e espanto diante de Deus. O único medo é o do pastor: de que a oferta não cubra as despesas e os seus planos de expansão. A cultura evangélica nacional está fomentando uma atitude muito displicente quanto ao sagrado. Querem um deus que está a serviço de seu povo para lhes cumprir todos os desejos. O tom de voz exigente e determinante como se fala com Deus hoje, deixa a dúvida quanto a quem é o senhor de quem. As experiências que só geram arrepios pelo corpo, são relatadas como se Deus fosse apenas um estimulante químico. Certos pastores, dizem falar e ouvir a voz de Deus — para serem contraditos pelas suas próprias falsas profecias — sem levar em conta que, "Deus não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão". Os milagres, aumentados pela manipulação, revelam uma falta de temor. O descaso com o sagrado é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, demonstra grande familiaridade, por outro, gera complacência, isto porque trivializa o mistério e a presença de Deus. Por anos, combateu-se a idéia de que os fins justificavam os meios, porque essa premissa justificava comportamentos anti-éticos. Hoje, o problema aprofundou-se. Não se sabe mais o que é meio e o que é fim. Não se sabe mais se a igreja existe para levantar dinheiro ou se o dinheiro existe para dar continuidade à igreja. Canta-se para louvar a Deus ou para entretenimento do povo? Publicam-se livros, como negócio ou para divulgar uma idéia? Os programas de televisão, visam popularizar determinado ministério ou a proclamação da mensagem? As respostas a essas perguntas não são facilmente encontradas. Cristo não virou as mesas dos cambistas no templo, simplesmente porque eles pretendiam prestar um serviço aos peregrinos que, vinham adorar no templo. Ele detectou que, os meios e os fins estavam confusos e que já não se discernia com clareza, se o templo existia para mercadejar ou se mercadejava para ajudar no culto. A obsessão por dinheiro, a corrida desenfreada por fama e prestígio, a paixão por títulos, revelam que muitas igrejas já não sabem se existem para faturar. Muitos líderes, já não gastam suas energias buscando um auditório que os ouça, mas procuram uma mensagem que, segure o seu auditório. A confusão de meios e fins mata igrejas por asfixia. O livro do Apocalipse mantém a advertência, muitas vezes desapercebida pelas igrejas. As sete igrejas ali mencionadas — inclusive a irrepreensível Filadélfia — acabaram-se. Resumem-se a meros registros históricos. Não podemos achar abrigo na promessa de Mateus 16 — de que as portas do inferno, não prevalecerão contra a igreja — para justificar qualquer irresponsabilidade. O livro do Apocalipse adverte: "Lembra-te, pois, de onde caíste arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas" (Ap 2.5). Crescer numericamente, não imuniza a igreja de perigos. Pelo contrário, torna-a mais vulnerável. Resta perguntar: Será que agora, famosos e numericamente profusos, não estamos precisando de profetas? Será que o tão propalado avivamento evangélico brasileiro, não necessita de uma Reforma? Aprendamos com a história. Imaginar que podemos condenar nossas igrejas a se tornarem bares ou funerárias como ocorre na Europa é sonho horrível. Porém, se não fizermos algo, esse pesadelo pode se tornar realidade.

Que Deus nos ajude.

Obs: texto interessantíssimo tirado do blog de Juber Donizete e de autoria do mesmo, que é Pastor - auxiliar da Assembléia de Deus em Uberlândia- MG.

Fonte:http://juberdonizete.blogspot.com/

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto muito interessante, onde mostra a realidade dos dias de hoje. Parabéns pelo blog. Sou aqui de Natal.

Paz do Senhor,

Severino Antonio Santos