domingo, 3 de agosto de 2008

Um papo sobre demônios [3] - vivenciando uma possessão



escrito por René Vasconcelos

Os leitores deste blog já sabem que eu sou muito cético quando o assunto é demônios. Se a Bíblia, em sua grande maioria, busca enaltecer o amor de um Deus por seu povo e dá pouca importância à figura de um ser maligno, porque eu vou dar importância a isso? Para mim a figura do demônio que desafia Deus nada mais é que um misticismo desenvolvido pelos hebreus após a saída do exílio babilônico e ampliado pelo sincretismo católico. Para entender melhor essa linha de pensamento leia toda a série “Um papo sobre demônios“.

Porém, a teoria não é válida se você não a põe em prática; e eu tive a oportunidade de vivenciar - e ter de enfrentar - um caso de possessão. Segue o testemunho de forma reduzida.

Certo domingo, após a igreja, eu estava reunido com amigos numa pizzaria. Minha namorada recebeu o telefonema de um amigo; o pai de um colega estava agindo de maneira estranha, como um animal raivoso e ninguém o conseguia segurar. Tentei orar por telefone, mas só piorei a situação; o homem possesso ficou ainda mais agitado.

Ficou decidido que iríamos até o local, um bairro da periferia de São Paulo, às 11 da noite, para ajudá-los. Fui eu e o Mineiro com a difícil missão de acabar com a possessão. Oramos durante o longo trajeto para que o Senhor nos desse sabedoria para lidar com o que acontecia. No meu ceticismo eu imaginava que aquilo era somente coisa de gente bêbada; eles haviam passado o domingo inteiro bebendo.

Ao chegar no local encontramos uma cena atordoante; diversos homens e rapazes sujos, com roupas rasgadas e muito feridos. Eles haviam tentado segurar o homem possesso sem sucesso. Subimos até a casa pois o possesso, aparentemente já estava melhor; ele estava tomando banho. Conversamos com a família e, quando o homem saiu do banho e nos viu na sala, começou a nos acusar de te-lo agredido e tentou sair da casa. Ao tentar sair da casa ele se jogou no chão e começou a se debater; começava novamente a manifestação.

Eu e o Mineiro seguramos o homem e começamos a clamar pelo nome de Jesus. O possesso gritava que não iríamos tirá-lo de lá, que éramos fracos. Algum tempo e MUITO esforço depois, o homem se acalmou. O levamos para a cozinha e demos café bem forte para ele (eu ainda tinha dúvidas se ele não estava apenas bêbado); tudo parecia bem. Porém no momento em que seu filho, na varanda, aceitou a Jesus, ele começou a manifestar novamente. E dessa vez foi a confirmação de que era muito mais do que apenas bebedeira.

Ele começou a dizer que era apenas um enviado de Deus para ajudar a família. Aquilo me abalou profundamente pois eu sempre acreditei que o diabo fosse um instrumento de Deus para Seus propósitos. E, naquele momento, com a família vendo tudo aquilo, era óbvio que eles se amedrontariam e aceitariam ao Senhor. O que me abalou também foi perceber que aquele homem possesso, um zelador sem muita cultura, com aquela declaração mostrou um profundo conhecimento teológico. Logo após, declarou que iria sair daquele “cavalo” mas que iria atacar outras vidas e tudo aquilo seria em vão. Após pouco tempo o homem se acalmou.

O semblante do homem era visivelmente diferente e o homem que antes gritava como um animal raivoso, se mostrou um homem de voz mansa, calmo. Em lágrimas ele, sua família e os donos da casa aceitaram a Jesus; um total de 5 pessoas. O ambiente da casa era diferente, havia uma enorme paz. Hoje esse homem e sua esposa frequentam frupos de oração e continuam no caminho do Senhor.

Dessa fantástica e terrível experiência tirei a lição de que a teoria pode ser ótima, mas não se compara a viver na prática o que se estuda. Aquele demônio realmente tinha um propósito divino de se manifestar, afinal através daquele evento 5 pessoas aceitaram a Jesus. Percebi que o Senhor realmente havia permitido tudo aquilo com um propósito. E percebi que seu eu, ou o Mineiro, estivéssemos despreparados, aquela noite seria um desastre ao invés de uma benção. Portanto estude, conheça a teoria, mas esteja preparado para viver um cristianismo na prática.

Ps. Umas irmãs assembleianas estiveram na casa do possesso um pouco antes de nós e jogaram alho e sal no homem, tentando retirar o demônio. Vocês acreditam em tamanho despreparo?

Nenhum comentário: