Caro leitor, você já observou como muitos de nós economizamos sentimentos?E, se não prestarmos atenção, vamos fazendo isso logo desde criança. Luciana é uma linda menina de cinco anos de idade. Ao ouvir bom dia, por exemplo, não responde, apenas acena com a mão. Sempre pergunto para ela: ''por que você não fala bom dia?'' – Ela responde: ''porque eu aceno!''. Não filhinha, além de acenar, fale bom dia. Você tem a voz. Não precisa economizar voz. Acene e diga. Olhe para a pessoa que está falando com você. E lá sigo eu, todo dia corrigindo esse hábito daquela pequena menina. Essas atitudes ''econômicas'' dos sentimentos causam depois graves prejuízos na nossa vida como profissionais e empresários. O atendimento no comércio, via de regra, costuma ser muito medíocre. Raros são os lugares, raras as pessoas que atuam com uma atitude voltada para o outro. E, que sabem, expressar seus sentimentos. Pois, novamente, não basta tê-los. Na vida, é necessário saber expressá-los. Outro dia fazendo compras numa loja, precisei caçar o vendedor, que preocupado com o computador, tinha seu foco todo voltado para a ''telinha''. Fiz uma pergunta sobre um produto, e ele, sem tirar os olhos do computador, disse ''hann''!... Pelo que observei, estava fazendo um ''search'', no ''sistema'', para ver se o que eu havia solicitado tinha no estoque. Tudo isso, sem tirar os olhos da ''telinha''. Alguns segundos, ele responde: está em falta. E, sem cerimônias, continuou focado na sua telinha. Olhei para outros atendentes, incrível, estavam todos focados em algum “outro serviço”. Pensei em fazer alguma pergunta, mas indignado pela falta de atenção, fui saindo... sem que ninguém me dissesse, ainda que fosse: muito obrigado, volte sempre!!! Que loucura! E são todos comissionados. A economia dos sentimentos pode ser observada nos negócios e na vida em geral. Mas, a maior de todas as ironias é quando sentimos o desespero da partida sem volta, do fim da vida. Quando observamos as reações das pessoas, num velório, por exemplo. No mês passado fui ao funeral de um amigo. Registrei que durante as últimas três horas antes da hora do enterro, os filhos desse amigo, ficaram o tempo todo, sem exceção de um minuto, com as suas mãos agarradas às mãos do pai falecido. Acarinhavam aquelas mãos, sem largá-la, enquanto mudos transpareciam suas dores. Como os conhecia razoavelmente, antes, nunca pude ver um beijo, um carinho, um abraço profundo e gostoso entre eles. Não que não se gostassem. Havia uma relação de respeito, amizade e amor entre os pais e filhos. Mas, como achamos que o tempo e nós mesmos, somos eternos, economizamos os sentimentos. Imaginem só o quanto aqueles filhos não estavam arrependidos por não terem, ao menos alguns minutos por dia, abraçado e acarinhando as mãos do seu pai. E, claro, vice-versa também. A contenção da exteriorização dos sentimentos pode fazer parte de um bom equilíbrio entre o emocional e o racional. Porém, o exagero dessa contenção evita a sensibilização humana e provoca prejuízos, não apenas nas nossas relações com amigos e pessoas queridas, mas, também, nos negócios e nas nossas carreiras. Na dúvida, não economize sentimentos. Gaste-os. A colheita virá um dia, plena de bons e gostosos sentimentos. A não demonstração do sentimento é uma das maiores punições que podemos causar à outra pessoa. Reflita sobre isso e bote pra fora os bons sentimentos, pois, sem saber, podemos estar nos autopunindo exageradamente.
José Luiz Tejon Megido é escritor, jornalista, publicitário, compositor e executivo, autor de “O Vôo do Cisne” e “O Beijo na Realidade”.
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