Michael Jackson
13 de julho de 1984
O que dizia a reportagem de VEJAQuando a pequena luva parateada cintilou sob as centenas de refletores, a multidão, eletrizada, abandonou-se ao delírio. Naquele instante, usando um dos acessórios indispensáveis de seu vestuário, Michael Jackson iniciava de maneira triunfal a primeira apresentação de Victory, o show musical mais caro, espetacular e controvertido dos últimos anos, reunindo o astro e seus cinco irmãos do conjunto The Jacksons Five. Com 45 milhões de dólares depositados em sua conta bancária somente em 1983, Michael é o músico mais bem pago do mundo. E, com uma larga influência sobre toda uma nova geração musical americana, tornou-se um símbolo da cultura dos anos 80.
O que aconteceu depois
Não é exagero dizer que Michael Jackson foi um ícone tão influente na cultura pop dos anos 80 quanto Marilyn Monroe na década de 50 ou os Beatles, na de 60. A música negra americana não seria o que é hoje sem álbuns como Off the Wall (1979) e Thriller (1982). Ao longo de sua carreira, Jackson vendeu 210 milhões de discos e faturou mais que qualquer outro artista em atividade - algo na casa de 1 bilhão de dólares. Nos últimos anos, contudo, sua carreira entrou numa equação perversa: suas excentricidades passaram a atrair muito mais atenção que seu trabalho e, conseqüentemente, seus discos passaram a vender cada vez menos. O último deles, Invincible, lançado em 2001, não chegou a 2 milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos - um décimo do necessário para pagar seu custo de 30 milhões de dólares. A vida financeira do astro já não andava bem. Em 1998, Jackson tomou empréstimo de 200 milhões de dólares, que ainda está longe de ser quitado.
Desde o começo da carreira, Michael Jackson é lembrado e criticado por suas excentricidades na vida pessoal. A principal delas diz respeito a sua aparência física: nos anos 70, ele fez sua primeira plástica para afilar o nariz. Na década de 90, o nariz, lábios e queixo foram todos afinados e a pele já era quase branca. Segundo o cantor, seria culpa do vitiligo. Em 2003, a metamorfose foi total: o astro passou a ter pele alva e dizem que usa uma prótese no nariz.
Mas outra faceta da personalidade do cantor causou mais escândalos na mídia: a de manter uma estranha relação com as crianças. Em 1993, ele foi acusado de abusar sexualmente de um menino de 13 anos. A briga foi parar nos tribunais. Um ano depois, o cantor entrou em acordo financeiro com a família do garoto. Estima-se que Jackson tenha pago a eles 25 milhões de dólares. Dez anos depois, uma nova investigação por pedofilia, agora envolvendo um menor de 12 anos. Ele chegou a ser preso, mas respondeu ao julgamento em liberdade depois de pagar uma fiança de 3 milhões de dólares.
A vida sentimental do astro também é marcada por bizarrices. Michael chegou a se casar em 1994 com a filha de Elvis Presley, Lisa Marie, mas a união não durou mais do que um ano. Na época do divórcio, o cantor fez uma visita polêmica ao Rio de Janeiro para gravar um clipe no Morro da Dona Marta, sob a direção de Spike Lee. Depois anunciou que queria ter filhos - o primeiro, Prince Michael, nasceu em 1997. A mãe é a enfermeira Debbie Rowe, que teria feito uma inseminação artificial para engravidar e embolsou um cachê de 500.000 dólares pelo barrigão. Num intervalo de um ano, nasceu a segunda filha do cantor, Paris Michael. Com os filhos, Jackson também não abandona suas excentricidades. Ele os submete a dietas rigorosas e não os deixa aparecer em público sem máscaras. O terceiro deles, Prince Michael II, que nasceu em 2002, foi gerado por uma mãe de aluguel.
Em março de 2003, as emissoras de TV de diversas partes do mundo mostraram o documentário Living with Michael Jackson, com cenas inéditas da intimidade do astro. O programa mostrou que nenhum aspecto da existência de Michael Jackson é normal. A começar que, aos 44 anos, ele se comparava o tempo todo a Peter Pan, o personagem que não queria crescer. No documentário, ele também jurou que as mudanças em seu rosto foram naturais, em decorrência do crescimento e da idade. Logo depois da exibição pública do vídeo, o astro anunciou a abertura de um processo contra o jornalista inglês Martin Bashir e, de quebra, produziu um documentário "alternativo", feito com imagens de um câmera particular. O programa foi ar pouco tempo depois.
Em fevereiro de 2005, começou finalmente o julgamento de Michael pela acusação de pedofilia, na Califórnia. O documentário de Martin Bashir foi apresentado como uma das principais provas contra o astro pop. As primeiras testemunhas ouvidas no tribunal foram os irmãos - uma garota e um garoto - do adolescente que acusa o astro de abuso sexual. A irmã garantiu que Michael oferecia vinho em lata de refrigerante a ela e a seus dois irmãos. E o garoto, irmão mais novo do acusador, diz que enquanto sua família esteve hospedada em Neverland - a casa do astro - seu irmão e ele dormiram algumas vezes na cama do cantor. Numa das noites, o garoto disse ter visto Jackson masturbando-se com a mão nas calças de seu irmão. Em uma segunda sessão, quando foi interrogado pelos os advogados do cantor, o jovem caiu em algumas contradições.
O objetivo da promotoria era o de provar ao júri que o cantor não poderia ser julgado apenas pelo caso em questão, já que ele tinha precedentes. A acusação alegava que, em todas as vezes anteriores, Jackson conseguiu abafar os escândalos fazendo acordos milionários com as famílias e ainda contando com o constrangimento das vítimas. Os advogados de defesa, por sua vez, apresentaram o cantor como uma vítima ingênua de uma família de farsantes interessada em inventar denúncias para conseguir uma recompensa milionária.
Em março, quando o julgamento chegava a sua quinta semana, o astro, que se dizia inocente, reconheceu que o processo era "o ponto mais baixo" de sua vida, e acrescentou: "Sou um lutador e sei o que há dentro de mim. Mas é muito duro". No dia 13 de junho de 2005, Michael Jackson foi absolvido por unanimidade de todas as dez acusações a que respondia: quatro por abuso sexual de um menor, uma por tentativa de abuso e uma por conspiração de seqüestro. Ele ainda tinha quatro acusações por servir álcool a um menor. O julgamento durou 14 semanas e os jurados ¿ oito mulheres e quatro homens ¿ levaram sete dias discutindo o veredito. Se fosse considerado culpado de todos os crimes que lhe foram atribuídos, Jackson poderia ser sentenciado a até 20 anos de prisão.
Fonte: Michael Jackson: da ascensão à decadência, Michael Jackson vai leiloar 2.000 artigos pessoais - VEJA.com
"Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" Lc 9;25
Eis aí a queda de um homem que se considerava um "deus", hoje não passa de um reles cantor falido e despretigiado pelo mundo inteiro, mas ainda há uma solução pra ele, que é de herdar o tesouro mais rico de todo o universo, que é a salvação da vida eterna em Cristo Jesus. João 14;6
Allen Sarlo.
