Alan Capriles
"O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo".
C. H. Spurgeon
Se você não é novo no meio evangélico, certamente já ouviu falar nos “cristãos perseguidos”. São assim chamados nossos irmãos que vivem nas nações onde o cristianismo é proibido. Não duvido que estes missionários realmente paguem um alto preço para se apregoar o evangelho, muitas vezes pagando com a própria vida. O que me deixa preocupado é que raramente se sabe de um cristão perseguido em nosso país. A tal ponto que o termo “cristão perseguido” virou sinônimo apenas de crentes que vivem na janela 10x40.
Será que um cristão precisa viver em outras nações, como a Coréia do Norte, o Irã ou a Arábia Saudita para ser perseguido? O apóstolo Paulo declarou enfaticamente que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12 RA) Como se percebe, meditando neste versículo, não é a localidade que torna um cristão perseguido, mas a qualidade do seu cristianismo.
Não creio que Paulo estivesse exagerando. A perseguição é a conseqüência inevitável de uma vida cristã autêntica, o preço a se pagar por preferir agradar a Deus e não aos homens. Desta forma, a quase ausência de cristãos perseguidos em nosso país reflete a superficialidade do evangelho vivido pela maioria dos crentes brasileiros.
Ou será que eu é que estou exagerando? Creio que não. Quanto mais medito na palavra de Deus – especialmente nos evangelhos, no livro de Atos e nas epístolas – mais me dou conta de quão superficial tem sido a mensagem pregada na maioria das igrejas. Suponho que no afã pelo aumento do número de membros, muitos pregadores não dizem mais o que se precisa ouvir, mas buscam pregar apenas o que se deseja ouvir. Mensagens triunfalistas estão na moda, especialmente aquelas que não exigem nenhum concerto para se obter o favor de Deus. Uma igreja caracterizada por mensagens de auto-motivação certamente vai crescer mais rápido que as igrejas onde se prega o verdadeiro evangelho; porque esta mensagem exige arrependimento, conversão e compromisso com Deus, enquanto aquela se trata de uma mensagem humanista, centralizada no homem e não em Cristo.
O rápido crescimento destas igrejas não me fascina, porque não me ilude. Quando penso nisso me lembro de um jardim que está sob meus cuidados. Toda semana preciso arrancar o mato e as ervas daninhas que surgem naquele jardim. É impressionante como elas crescem rápido! Em poucos dias elas ultrapassam o tamanho das belas plantas ornamentais, que levaram meses para crescer. Mas quando vou arrancá-las, aquelas ervas daninhas saem com a maior facilidade, porque não tem raiz profunda. Aliás, quase não tem raiz nenhuma! Será que não é este o problema da igreja contemporânea? O número de evangélicos tem crescido rapidamente, mas o evangelho pregado para maioria destes crentes não tem tido profundidade alguma. Como conseqüência, muitos crentes da atualidade não se parecem com Cristo, pois não tem compromisso com seu evangelho.
A realidade é que os crentes de hoje não são mais perseguidos. Pelo menos, não no Brasil. E por que seriam? Afinal, eles não mais incomodam. Eles estão cada vez mais parecidos com o mundo! Percebo que a maioria destes não quer se indispor com ninguém; preferem fazer “vista grossa” para o erro dos outros. A filosofia do “to nem aí” e do “não tem nada a ver” está ganhando muitos adeptos nas igrejas. São crentes que não se posicionam, que não definem claramente de qual lado estão, se da carne, ou do Espírito. São como os crentes mornos da igreja de Laodicéia, que o Senhor estava a ponto de vomitar. (Apocalipse 3:16)
Deste modo, se você se preocupa em agradar a todos, talvez esteja enganado com o evangelho (Gl 1:10). Nosso Senhor foi bem claro: “Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros” (Jo 15:20). Quanto mais nos parecemos com Cristo, mais seremos perseguidos, assim como ele mesmo sofreu perseguição. Chegaram a ponto de acusá-lo de estar endemoninhado e, a respeito disso, ele nos alertou: “Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?” (Mateus 10:25)
Nenhum de nós é melhor do que Jesus (Lc 6:40). Como é que alguém pode ousar dizer-se cristão sem ser odiado por ninguém? O próprio Senhor denunciou esta hipocrisia, quando asseverou: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.” (Lucas 6:26 RA) Em outras palavras, para um crente ser louvado por todos, basta que ele seja falso.
Portanto, se um crente não sofre nenhum tipo de perseguição é hora de rever seu cristianismo. Mas quero concluir lembrando que vale muito a pena ser perseguido por amor a Cristo. E que esta bem-aventurança conforte você, assim como tem fortalecido a mim, toda vez que descubro ser um cristão perseguido em minha própria nação.
“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:11-12 RA)
Fonte: alancapriles.blogspot.com, blogdopcamaral.blogspot.com
Um comentário:
A paz do Senhor!
Agradeço por publicar um de meus artigos: "Seja um Cristão Perseguido." Quando puder, visite meu blog:
http://alancapriles.blogspot.com/
Já me tornei seguidor do blog dos irmãos.
Deus lhes abençoe cada dia mais!
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