segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Os altos e baixos do rei Davi


Davi – o pastor de ovelhas

Encontramos os relatos da vida de Davi no primeiro e segundo livros de Samuel. Nestes registros bíblicos, nos confrontam com os pontos fortes e fracos que ele viveu. Mas, encontramos também a graça de Deus de maneira constante e firme, a despeito da oscilação alta e baixa no decorrer da trajetória deste ser humano.

O nome Davi em hebraico significa “amado”. Ele foi descendente de Jesus Cristo, era filho de Jessé, bisneto de Rute, nasceu em Belém sendo o caçula de uma família de oito irmãos (1 Samuel 16.1, 10-11,13).

Em seu currículo, além de pastor e rei, Davi acrescentou a função de músico, poeta e soldado.

Durante a primeira parte de sua mocidade foi pastor de ovelhas em sua cidade natal. Esta ocupação, nos países orientais era geralmente exercida pelos escravos, pelas mulheres, ou pelos íntimos da família. Pastoreando, Davi era valente; protegia o rebanho das grandes feras predadoras (1 Samuel 17.34-37).

Apesar dele ser o caçula da família, o que não lhe dava o direito de receber os privilégios da primogenitura, a mando de Deus, foi ungido pelo profeta Samuel rei sobre Israel. Na ocasião da unção, enquanto o pai e os irmãos participavam de um banquete, ele estava distante da mesa pastoreando as ovelhas. Da casa de seu pai Jessé, até sentar-se no trono de Israel, se passou um longo tempo, período em que atravessou muitas circunstâncias adversas (1 Samuel 16.11,13).

Davi e Golias

Davi matou Golias em Gate, após vencer o gigante filisteu, de um anônimo pastor de ovelhas tornou-se um grande guerreiro com fama nacional (1 Samuel 14.49).

O lugar do combate de Davi contra Golias foi Efes-Damim (1 Sm 17), que fica entre os montes da parte ocidental de Judá. O ribeiro, que corria entre os exércitos de Israel e dos filisteus, era o Elá, ou ‘o Terebinto’, que hoje tem o nome de Wady Es-Sunt.

Davi não se sentiu bem quando por sugestão de Saul vestiu a armadura dele - Saul - para ir lutar contra Golias. Ele preferiu usar suas próprias vestes e uma funda e cinco pedras para atacar seu oponente; a funda aparentava ser uma arma inofensiva, porém, Davi provou que um brinquedo se torna fatal quando nas mãos de um servo temente e dentro da vontade de Deus (1 Samuel 17.38,39).

Davi, Jônatas e Mical

Davi teve bom relacionamento com os filhos de Saul. Foi amado por Jônatas e Mical, com quem fez um pacto de sincera amizade. A vitória de Davi contra o gigante filisteu levou-o a casar com Mical, pois Saul havia prometido a mão da filha ao israelita vencedor do combate (1 Samuel 18.1, 28; 19.2; 20.42)

Davi – tocador de harpa (1 Samuel 16.14-23)

O ato heróico, matar o gigante filisteu, lhe deu acesso à corte de Saul. Ele tornou-se o escudeiro do rei. E como era hábil tocador de harpa, era solicitado pelo infeliz monarca para que tocasse o instrumento com a finalidade de suavizar sua melancolia, descrita como tormento de um espírito mau.

Ser o herói que matou o gigante filisteu lhe rendeu a notoriedade e isto causou em Saul sentimentos maliciosos, grande ciúmes e inveja. Todavia, o rei nomeou Davi capitão da sua real guarda, posição somente inferior à de Abner, o general do exército, e à de Jônatas, o provável herdeiro do trono.

Davi, da perseguição de Saul ao trono de Israel

A louca inveja e os maus intentos do rei arrastaram Davi do palácio real ao exílio. Ele foi ter primeiramente com o sacerdote Aimeleque, mas depois refugiou-se na corte de Aquis, o filisteu monarca de Gate, e dali pôde livrar-se, fingindo-se louco (1 Sm 19 a 21). Retirando-se de Gate, refugiou-se Davi na caverna de Adulão, veio a formar um exército com 400 homens, e depois 600, e andando de um canto a outro com seus dedicados companheiros conseguiu escapar da ira de Saul.

Em contraste com a furiosa perseguição, movida contra Davi, manifesta-se a cavalheiresca atenção do fugitivo para com 'o ungido do Senhor', como se mostrou quando ele poupou a vida de Saul no deserto de En-Gedi, e no deserto de Zife (1 Sm 24, 1 Sm 26).

Saul e Jônatas morreram em batalha, e Davi lamentou-se muito. Após essas duas mortes, tornou-se rei de Judá, em Hebrom, e depois de sete anos e meio, quando o outro filho de Saul, Is Bosete, veio a ser assassinado – ato que reprovou e fez justiça - , passou a reinar sobre todo o Israel (2 Samuel 1.17; 2 Samuel 2; 2 Samuel 4; 2 Samuel 5). Davi honrou sua amizade com Jônatas e estendeu sua bondade ao filho dele (2 Samuel 9).

Depois da desastrosa batalha de Gilboa (1 Sm 31), proferiu Davi aquela tocante lamentação a respeito de Saul e Jônatas (2 Sm 1).

Como rei de Israel, Davi conquistou a fortaleza dos jebuseus, a única que no centro daquela terra que resistia às forças do povo escolhido. Por meio de um repentino assalto foi tomada a cidade de Jebus, sendo daí para o futuro conhecida pelo seu antigo nome Jerusalém, e também pelo nome de Sião (2 Sm 5). Esta cidade foi grandemente fortificada, tornando-se a capital do reino. A arca foi transportada com grande solenidade de Quiriate-Jearim sendo construída uma nova tenda ou tabernáculo para recebê-la (2 Sm 6).

Davi e Bate Sabá (2 Samuel 9)

A prosperidade continuou a bafejar as armas de Davi - mas no meio de tantos triunfos, quando o seu exército estava cercando Rabá, caiu ele nas profundezas do pecado, planejando a morte de Urias, depois de ter cometido adultério com Bate-Seba (2 Sm 11). Convencido da sua grave falta, arrependeu-se, implorando a misericórdia do Senhor, e foi perdoado - mas a parte restante da sua vida foi amargurada com questões de família.

Absalão, seu filho muito amado, revoltou-se contra ele, e por algum tempo Davi teve de exilar-se - mas por fim morreu o ingrato e revoltado israelita, que tanto martirizou seu pai (2 Sm 15 a 18). o insensato procedimento do rei, na numeração do povo, enevoou ainda mais a vida de Davi (2 Sm 24). Finalmente, depois de ter Adonias pretendido o trono, abdicou Davi em favor de Salomão, confiando-lhe, além disso, a tarefa de edificar o templo, para o qual ele tinha reunido muitos materiais. E, depois das recomendações finais ao seu sucessor, descansou com seus pais, “e foi sepultado na cidade de Davi” (1 Rs 1 e 2).

A vida de Davi acha-se cheia de incidentes românticos e de contrastes surpreendentes. É, realmente, uma história humana, que manifesta tanto a fraqueza como a força de uma alma de extraordinária capacidade. o ter sido qualificado Davi como homem ‘segundo o coração de Deus’ (1 Sm 13.14 e At 13.22) não significa, de forma alguma, que Davi fosse homem perfeito, mas somente que ele era um agente escolhido do Senhor para os Seus profundos desígnios.

Sobre o caráter geral de Davi diz o deão Stanley o seguinte: ‘Tendo em vista a complexidade dos elementos que constituem o caráter de Davi, a paixão, a ternura, a generosidade, a altivez, as suas qualidades de soldado, pastor, poeta, estadista, sacerdote, profeta, rei - considerando ainda nesse homem extraordinário o amigo romântico, o guia cavalheiresco, o pai dedicado, não se encontra em todo o A.T. outra pessoa com a qual ele se possa comparar... É ele o tipo e a profecia de Jesus Cristo. Não se chama a Jesus o filho de Abraão, ou o filho de Jacó, ou o filho de Moisés, mas sim o ‘filho de Davi’.

Os pecados de Davi, a mentira, a traição, o adultério e o assassinato, foram causa de graves acontecimentos na sua vida, mas nele se via um homem que se humilhou a si mesmo em grande arrependimento na convicção de haver pecado (2 Sm 12).

Ele se tornou o mais ilustre dos reis de Israel, descrito como o homem que seguia e era segundo o coração de Deus. Nunca buscou glória para si mesmo, honrou a Deus durante todos os dias da sua vida (1 Samuel 13.14; 16.7; Atos 13.22; 2 Samuel 7.18-29).

E.A.G.

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